Ser ninguém
Agradeço pela graça de ter alcançado o que tanto desejei! Sonhei tanto com o dia que pudesse respirar bem fundo e dizer: tenho paz!
Fui muito infeliz um dia! Trilhei caminhos que sem que eu soubesse me levaram a isso, então fracassei tanto que desfaleci! Deixei de existir, então já não podia fazer mais nada, só não fazer nada e não ser ninguém... Quando me abandonei, pude percebe, eu achava que não podia morrer, e pude, vigiei as estrelas à noite toda e queria saber o que iria acontecer com o mundo durante minha ausência... O céu não respondeu nada... Tudo era só silêncio... Paz, harmonia, exatidão, perfeição. A lua estava escondida, mas existia, as estrelas eram incontáveis, não como onde há luzes fumaças e buzinas... Apesar de há muito não velas estavam lá como quando eu era criança e tinha tempo de olhá-las, a brisa me envolvia mesmo sem que eu pedisse, e sapos guiam e não era pra mim... Ouvia também ondas no mar indo, vindo, sem parar... Sem ninguém mandar... À noite aos poucos se foi, então, os pássaros começaram a cantar, eles cantavam para ninguém ouvir... Eu já não era... De vagar o sol veio ainda frio e ao meu lado um hibisco se abria sem pressa alguma, ninguém jamais o perceberia... Mesmo assim era tão vermelho!
Como fui tola! Tive que morrer para perceber isso! Eu era apenas ninguém e achava ser tudo! Então pude ser filha de novo... Ouvir-te, te agradecer, te sentir na sutileza da flor que nasce em uma brecha da calcada, na imensidão do que mantém o universo, no sorriso do menino que ninguém quer ver, no barulho que ninguém vai escutar...
Obrigado pela vida que agora sei só em ti posso viver. Tão mais linda, plena, serena, completa...

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